A varejista de vestuário C&A fará uma maratona de lançamentos de coleções assinadas por estilistas e grifes neste ano, no Brasil. De 2009 para cá, a companhia colocou na vitrine quatro coleções autorais por ano, na média. Em 2013, serão cinco só no primeiro semestre. As vendas desse tipo de produto, que vem carimbado com um nome ou uma grife famosa, são feitas em três semanas - um giro 50% mais rápido do que o obtido com as linhas normais de produtos da companhia holandesa.
As marcas que assinaram contrato com a C&A para este primeiro semestre são: 284, Santa Lolla, Carina Duek, Isabella Giobbi e Ágatha.
Segundo o vice-presidente comercial da C&A, Paulo Correa, o projeto C&A Collection, novo selo para as linhas de produtos assinadas, tem trazido novos clientes. "A classe média ficou mais exigente", diz ele. As peças assinadas não chegarão a todas as lojas da rede, que opera no modelo "fast fashion". Este sistema, que exige renovação constante das vitrines, foi lançado pela espanhola Zara e copiado por varejistas ao redor do mundo.
Os produtos da coleção da 284 irão para 71 lojas, assim como a coleção da estilista Carina Duek. A linha da Santa Lolla, grife de calçados, chegará a 116 lojas. A primeira parceria entre C&A e Santa Lolla ocorreu em novembro. A loja conceito da varejista, no Shopping Iguatemi, liquidou 77% do estoque total dos calçados no primeiro dia de vendas, de acordo com Correa.
Segundo o executivo, ainda estão sendo definidas quais as lojas que receberão as coleções de Isabella Giobbi e Ágatha, assim como o cronograma de coleções autorais para o segundo semestre.
Com controle familiar e capital fechado desde a fundação em 1841, a holandesa C&A tem 1,9 mil lojas no mundo. Dessas, 1,5 mil ficam na Europa, onde a varejista enfrenta dura concorrência da espanhola Zara e da H&M, da Suécia.
Segundo Correa, o Brasil é prioridade para a C&A, tanto pelo porte, quanto pelo cenário econômico. Com 233 lojas, o país é a maior operação da C&A fora Europa. Em seguida, vêm México, com 76 unidades e China, com 47.
Uma das principais concorrentes da C&A no Brasil, a Riachuelo, rede de vestuário controlada pela Guararapes, também tem lançado coleções autorais. A mais recente, em novembro, foi uma parceria com a Daslu.
A grande ameaça ao posto de maior rede de lojas de departamento do Brasil da C&A, no entanto, é a Renner. Segunda colocada no ranking, a Renner encerrou o ano passado com 188 lojas, excluindo as da Camicado, de utensílios para o lar. Nos primeiros nove meses do ano, a Renner teve receita líquida de R$ 2,56 bilhões, crescimento de 18%. O desempenho ficou acima do avanço das vendas brutas setor em 2012 - 7,1%, segundo o Instituto de Marketing Industrial (Iemi) - indicando ganho de participação de mercado.
Sem informar faturamento e ritmo de crescimento no Brasil, Correa garante que C&A ainda é líder, embora assuma que outras redes "têm ganhado espaço". Analistas do mercado calculam que as vendas brutas da companhia estejam por volta de R$ 4 bilhões, o que confere à C&A uma fatia de 2,5% de um mercado pulverizado, que movimentou mais de R$ 160 bilhões em 2012, segundo o Iemi.
Assim como as demais empresas do setor, a C&A sentiu a desaceleração da economia na primeira metade do ano passado, diz Correa. Segundo o executivo, a situação melhorou no segundo semestre, fazendo de 2012 "um bom ano" para a varejista no Brasil.
No período, a companhia inaugurou 25 lojas e reformou outras seis. Para este ano, a previsão é de abrir entre 25 e 30 novas unidades no país.
Na noite de hoje, a C&A fará um desfile fechado de lançamento das cinco coleções programadas para o semestre. O evento ocorrerá no Hotel Unique, em São Paulo, a partir das 20h30.
Por Marina Falcão | De São Paulo
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