sábado, 22 de junho de 2013

GRIFES DEMAIS POR PREÇOS DE MENOS

Grifes demais por preços de menos
Mais um competidor do segmento de vendas on-line se prepara para entrar no mercado brasileiro. Desta vez, trata-se do Showroomprive, outlet on-line de moda baseado na França, que tem um portfólio de 1.600 marcas e registrou faturamento de € 250 milhões no ano passado.

Em busca de um possível sócio para o negócio, Thierry Petit, CEO e co fundador da empresa, está no Brasil. Ele participa amanhã da feira internacional de negócios digitais e Show, no Transamérica Expo Center. O executivo é o criador do site de comparação de preços francês Toboo. Em entrevista ao
 Valor, Petit falou sobre as diferenças do Showroomprive em relação aos seus concorrentes e como analisa o mercado de moda brasileiro.


“E-commerce de moda vai continuar a crescer no Brasil”, diz Thierry Petit                                             

Valor: Quais os planos para o Brasil?                                                                                             

Thierry Petit: Pretendemos estar entre os cinco maiores e-commerces do Brasil, no médio prazo. Estamos muito interessados no país e estudamos os cenários possíveis. Mesmo sendo um mercado importante é preciso avaliar o custo de ter um sócio local e questões como abastecimento e logística. Quando lançamos o Showroomprive em um país [além da França, eles estão na Espanha, Itália, Holanda, Bélgica, em Portugal, no Reino Unido e, em breve, na Polônia], passamos a oferecer a melhor seleção de marcas para esse mercado. Isso significa selecionar grifes internacionais que são populares no país em questão e oferecer marcas locais que os consumidores exigem. A chave para alcançar o sucesso nesse segmento é oferecer uma mistura interessante de marcas se adaptando à demanda. O site estreia com marcas francesas, italianas e espanholas, que vão oferecer produtos com descontos entre 30% e 70%.


Valor: Como o senhor avalia o mercado brasileiro de moda?                                                                                                                                

Petit: Houve um crescimento da moda on-line. Primeiro porque o consumidor do país finalmente "abraçou" o e-commerce. Além disso, o Brasil tornou-se um mercado-chave para as marcas de moda. Somente em 2012, cerca de 30 aterrissaram no país (grifo nosso). (Não) só São Paulo, mas também no Rio de Janeiro e em Brasília. Atualmente, existe uma "fome" do consumidor por grifes. Junto a isso, mais estilistas e marcas nacionais estão captando a atenção do público internacional, graças a eventos como São Paulo Fashion Week e Fashion Rio. A estabilidade política e o crescimento econômico também criam impacto positivo na indústria local. Portanto, não há dúvida de que o e-commerce de moda vai continuar a crescer no Brasil.


Valor: Qual o perfil do consumidor brasileiro que compra via web?                                                  

Petit: Ele é muito semelhante ao consumidor da parte sul da Europa. Cerca de 70% dos clientes são mulheres, com idades entre 29 e 45 anos, que são mães, em sua maioria. Elas querem grandes marcas, para si e para a família, mas não querem pagar muito. Também gostam de poder comprar a qualquer hora do dia e de onde estiverem. Elas se identificam com uma nova forma de comprar, chamada de "smart shopping" [compra inteligente].
Valor: Vocês cresceram 60% em vendas, somente no ano anterior e já contam com 13 milhões de consumidores cadastrados (ou "sócios", como são chamados). Qual o segredo para ter sucesso com uma loja virtual?                                                                                                                                              

Petit: A empresa é rentável desde o começo, em 2006, porque sempre nos preocupamos com a saúde do negócio. Somos muito cuidadosos com os investimentos que fazemos e preferimos um crescimento menor, porém seguro. Os fundadores do site são também os seus acionistas, o que significa que têm controle sobre as decisões estratégicas - o que não ocorre com outros sites, caso do Privalia, sobre o qual os fundadores não têm mais controle. Além disso, em 2010, o Showroomprive recebeu investimento do fundo Accel Partners, o que ajudou a empresa a se internacionalizar.


Valor: Mas como sair na frente da concorrência?                                                                                         

Petit: Conseguimos isso porque estamos totalmente integrados na indústria da moda. Um erro típico de algumas empresas é pensar que, por saber como fazer e-commerce, serão bem-sucedido no varejo de moda. Mas nesse segmento de vendas privadas on-line [sites que exigem inscrição e vendem peças com desconto], não basta olhar de fora tentando descobrir como obter lucro. Nossa empresa tem uma relação de confiança com as marcas "premium". Nós pensamos como elas, conhecemos suas necessidades, suas estratégias off-line e on-line. E mais: nos preocupamos em saber quais são as tendências que o consumidor está seguindo, como ele quer pagar ou receber o produto. Nosso foco é a indústria da moda - mais de 70% dos produtos à venda estão ligados ao vestuário e acessórios para mulheres, homens e crianças. São peças das coleções passadas mais recentes.
Também comercializamos cosméticos, artigos de beleza, objetos de decoração e alimentos, tudo com desconto entre 30% a 70%. Além disso, investimos em serviços inovadores. Um exemplo é o novo serviço de entrega expressa, que revolucionou as vendas on-line na Europa. [O Showroomprive não é aberto a quem não é "sócio". Para se tornar um, basta se inscrever. Quem é convidado a participar por outro "sócio", ganha desconto na primeira compra].
Por Vanessa Barone | Para o Valor, de São Paulo

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